Francisco Lima Júnior: O PSDB, a sua linha do tempo e o pulsar das ruas


“O PSDB surgiu em 25 de junho de 1988: “longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, para fazer germinar novamente a esperança”.”
Esta frase que abre o site oficial da legenda me chamou a atenção. Assisti ao desmembramento de parte do PMDB que deu origem ao PSDB naquele ano, de dentro do Congresso Nacional. FHC, Serra, Covas, Pimenta da Veiga e tantos outros criaram a social democracia brasileira para “fazer diferente e livrar o país dos vícios do PMDB quercista”, como bem me dizia um tucano de alta plumagem já falecido.
Aqui no DF, por exemplo, a coisa não tem andado bem como o idealizado. Senão, vejamos:
Em 2013, na disputa pelo comando da legenda eram 2 chapas. O deputado Izalci Lucas, segundo se comenta, pedia ao então senador Sérgio Guerra (falecido), para ser o interventor local. Intervenção combina com o “pulsar das ruas”? Feito interventor, e para serenar os ânimos o ex-ministro Eduardo Jorge dividiu o comando com pessoas que “fazem o partido local”.
Em 2014, Izalci Lucas e Luiz Pitiman fizeram o presidente da legenda, senador Aécio Neves, indicar o segundo para o comando do PSDB e candidato ao GDF, mesmo com mínimas chances como ficou comprovado ao fim do pleito. Vale lembrar que Izalci rompeu e apoiou a candidatura Frejat. Ainda em 2014, o PSDB só fez 1 deputado federal (Izalci Lucas) e 1 distrital (Raimundo Ribeiro), e mesmo assim pelo coeficiente eleitoral.
Em 2015, uma Comissão Eleitoral composta por cinco membros indicados tanto por Raimundo Ribeiro, como por Izalci Lucas, procedeu como deveria na expectativa de livrar o PSDB da intervenção na capital do país. Após terem perdido na justiça, que não considerou as suas alegações, Izalci Lucas e Marcio Machado, menos de 24 horas antes do pleito retiraram as suas chapas. Um jornalista político local e amigo me disse que “fizeram como meninos manhosos que retiram a bola do campo com a derrota do seu time”. É por aí.
Mesmo assim, os tucanos do DF deram uma vitória histórica à legenda, e no dia 17 de maio último escolheram a Chapa PSDB Resgatando Brasília, quando 8,2% dos filiados de todo o Distrito Federal votaram, representando assim, a maior participação proporcional do PSDB. Há quatro anos no DF, não aconteciam eleições no partido e pela primeira vez na história, todas as 21 zonais tiveram a diretoria eleita.
Grupos que se recusaram a participar da disputa, hoje alegam, dentre outras e a pretexto de assumir a legenda, que todos os servidores do gabinete do distrital Raimundo Ribeiro são filiados ao PSDB. Na verdade, deveriam era cobrar esse mesmo comprometimento para com a legenda do seu deputado federal Izalci Lucas, que assim não age, além de pressionar o ex-ministro Eduardo Jorge para que este o faça presidente do PSDB, mesmo tendo se recusado a participar da disputa. Enquanto “EJ”, busca entendimento, o grupo “que não disputou e quer levar” (como estão conhecidos nas rodas políticas locais), prega a intervenção.
Convém lembrá-los que intervenção não combina com o “perto do pulsar das ruas, para fazer germinar novamente a esperança”.

Por Francisco Lima Jr.
*Francisco Lima Jr.(48), Jornalista, Cientista Político pela UnB, Professor de Jornalismo nas Faculdades Icesp/DF, titular do www.blogdoprofessorchico.com.br, blogueiro colaborador na Agência Política Real, Colaborador no Programa Diário Brasil, na TV Gênesis e Presidente da Associação Brasiliense dos Blogueiros de Política (ABBP). fpaulalj@gmail.com

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