Antônio Melo: A conta, senhores. A conta, senhoras.

Resultado de imagem para antônio melo jornalistaPor Antônio Melo
Jornalista

Ilusionismo, magia, quiromancia, feitiçaria, adivinhação, seja lá o nome que se queira dar, uma coisa é certa: a vaca foi pro brejo. E de chocalho: o rombo das contas públicas, só no primeiro semestre chegou nos 56 bilhões, badalando o maior recorde de toda historia desde que esses dados começaram a ser coletados, em 1997.

Élio Gaspari, em sua coluna reproduzida nos principais jornais do país, avisou: estão fervendo o ministro Meirelles e sua equipe. É que fervura demora mais que fritura. E Élio explica porquê. O ministro assumiu prometendo a retomada do emprego. Cadê? É esse sereninho aí da safra agrícola? O ministro chegou prometendo um crescimento do PIB de 1,6% já para este ano. Em seguida, animado com os números da inflação, elevou para 2%. Depois, calou-se. Certamente viu que a animação devia-se à falta de consumo e, até, porque o povo estava consumindo bem menos. Veio o FMI e disse que o Brasil vai crescer só 0,3%. Falar o que, depois disso?


Na cozinha do planalto, a água na panela já faz as primeiras borbulhas. E o ministro dentro, coitado.

Já o presidente, todo dia na televisão, diz que está tudo bem (e a bala falando grosso em quase tudo que é lugar do Rio), que seu governo está resolvendo os problemas do país (é raro o estado que não esteja com o funcionalismo atrasado), que está governando para o futuro (porque no presente a seca bebeu a água dos reservatórios do Nordeste, matou os rebanhos, tirou o alento dos agricultores). Empolgado, como um mago, enxerga um futuro de prosperidade, sem perceber que a vaquinha tá pastando no brejo, de costas para ele. Coisa que a imprensa internacional já viu há muito tempo.


O jornal "El País", da Espanha, por exemplo, faz coro a Élio Gaspari, lembrando que o toma lá da cá de Temer para se salvar, detonou o prometido ajuste fiscal. E, tirando o laço do pescoço da vaca e colocando no nosso, alerta para o perigo do presidente se comprometer com a sanção do novo Refis que perdoa até 99 por cento das multas e mais de 90 dos juros das empresas que não cumprem com as suas obrigações com o fisco. Pela proposta original do governo, que já era uma mão na roda, pingariam 13 bilhões nos cofres públicos, se elas pagassem. Com a nova teta na vaquinha lá do brejo, só pinga agora uma gota de 500 milhões. Uma merreca.


E para nós? A conta. O aumento de impostos. Da gasolina, do arroz, do tomate, das passagens dos coletivos que já se começa a falar.

Mas o presidente, hoje mais impopular que a própria Dilma, que certamente se acha um profundo conhecedor da psicologia das massas, vaticina que haveremos de compreender tudo isso.

Claro. Nós e a velhinha de Taubaté, que acreditava em tudo que o governo dizia.

O que importa não é o país. Não são os nossos problemas. Ministros que estavam descansando (de que?) foram chamados às pressas a Brasília. Alguma medida urgente em prol da Nação? Calma. Não foi bem isso. Foram chamados para cooptar deputados na votação do pedido de licença a Câmara para processar Sua Excelência. Aliás, que anda ocupadíssimo telefonando para esses parlamentares para que não autorizem o STF a processa-lo por corrupção.

Enquanto isso, o ministro Meirelles, de dentro da panela fervente, indagado sobre um novo aumento de impostos, diz que "não se cogita". Mas "também não se descarta".


É a corda apertando o nosso pescoço. Cada vez mais.
É a conta, senhores, a conta, senhoras. Pagar, é tudo que nos resta.

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