Antônio Melo: Os iluminados

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Jornalista

Há chefes de governos que imaginam os governados como idiotas. O presidente dos Estados Unidos, por todas as evidências, vê o americano como um pato. Donald Trump comporta-se assim ao rasgar tratados firmados com os vinte países mais desenvolvidos do mundo por seu antecessor, Barack Obama que estava mais para raposa do que pra pato. Firmado na larga experiência em mesa de pôquer e doutorado em jogos de azar, Trump decretou que o mundo não está aquecendo, nem a calota polar derretendo, revogando as dezenas de anos de estudos e observações de comunidade científica mundial. E ponto final. Pouco importam as calotas polares derretendo, as ilhas desaparecendo, as mudanças climáticas por toda parte. É preciso mais dinheiro para as usinas movidas à carvão e para os combustíveis fósseis. E não se discute mais o assunto. Assim quer o presidente-empresário-sabe-tudo.

Pelas terras de Poty, Tibiriçá e Calabar –sim, Calabar, em época de tantas delações, por quê não ele? - pretende-se também instalar uma filial da república dos estados unidos da patolândia. O nosso presidente-político -encastelado em seus palácios, cercado por renomados advogados, cuida da sua defesa. Ele é generoso com os deputados que irão decidir o seu destino, cerca-se por um ministério de delatados (exceção quase única à área econômica) alguns assessores processados, dois deputados condenados e nem parece se dar conta da realidade. Quase todos os dias vai a tv com boas notícias. Claro, que serão realidade no futuro, segundo ele. Porque as do presente não são nada boas. 


Confira:
Governo suspende o aumento do bolsa família; Polícia Federal, sem verba, suspende a emissão de passaportes; Polícia Rodoviária Federal reduz fiscalização nas estradas por falta de verbas; Caixa Econômica, sem verba para financiamento da casa própria, etc, etc, etc.

O pior de tudo isso é que há vários dias sem governo, uma vez que a única atividade do presidente é cuidar da sua defesa e cooptar parlamentares, o país ainda se surpreende com a defesa do seu presidente. Ela pôs em dúvida o laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Federal, desacreditando órgão do próprio governo e da instituição hoje com maior credibilidade no país, a PF.

Estarreceu também a fragilidade das teses da defesa. Pelo menos o que foi divulgado. Uma delas de que o delator Joesley Batista só entrou no Jaburu, onde reside o Presidente com sua família, porque a segurança fora alertada que um carro com uma determinada placa estaria autorizado a ingressar nas dependências do palácio. Nele também iria, segundo os advogados, o deputado Rodrigo Lures, que não foi, por razões desconhecidas. Imagine se esse mesmo carro tivesse sido tomado por terroristas determinados a matar o presidente. Teriam, então, cumprido sua tarefa sem a menor dificuldade. Papel aceita tudo, até teses absurdas como esta. Certamente da lavra de advogados, mancada que não deve ser lançada na conta do general Etchegoyen que, entre outras atribuições, responde pela segurança do Chefe da Nação.

O pior de tudo é que, desde a eleição de Dilma Rousseff, o Brasil foi transformado numa imensa delegacia de polícia. Uma operação policial, a lava jato, um simples inquérito, passou a ser remédio para todos os males do país. Como aquelas garrafadas de feira do interior que curam de resfriados à impotência sexual. Procuradores investem e desqualificam o próprio Supremo Tribunal Federal. Querem aprovar aberrações jurídicas na marra diante de um congresso acovardado, investigado e desmoralizado. Juiz de primeira instância é promovido na opinião pública ao altar supremo da justiça e saudado como foro maior do saber jurídico do país. Procuradores vendem palestras pagas não se sabe por quem e nem servindo a quais interesses.


Enquanto isso, o país paralisado empobrece e sangra.

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