Antônio Melo: Por debaixo do pano

Resultado de imagem para antônio melo jornalistaPor Antônio Melo
Jornalista

De há muito o carequinha do mensalão, Marcos Valério, único ainda preso em regime fechado, se oferece para contar tudo o que sabe, delatar, colaborar, dedo-durar mas o ministério não público não se interessa.

Sérgio Cabral, segundo a imprensa, fez o mesmo garantindo entregar esquemas que envolveriam juízes, procuradores, políticos. MP e Moro não se interessaram.
Antônio Palocci, em audiência gravada e depois transmitida pelo Jornal Nacional, se ofereceu ao juiz Sérgio Moro para entregar nomes, horários, locais, agendas, empresas, bancos e os esquemas de um grande conglomerado de comunicação que estaria envolvido nos escândalos que corroem a economia e a política nacionais. Moro desdenhou dizendo que o ex-ministro queria mais fazer ameaças do que colaborar com a justiça. Uma frase enigmática, naquela época.
Esta mesma frase agora grita no seu silêncio por uma explicação, após as graves denuncias veiculadas pela TV Record sobre a Rede Globo e a família Marinho: negociatas, uso de dinheiros públicos, contas secretas em paraísos fiscais, tráfico de influência, empresas fantasmas, dívidas milionárias com a Receita Federal e a previdência, envolvimento nos escândalos da CBF e muito mais.


A Record também denuncia que tanto Sérgio Moro quanto o ministério público protegem a Rede Globo e os bancos. O primeiro, pela não aceitação da delação do ex-ministro Antônio Palocci, o único em condições de revelar por onde trafegaram os bilhões de reais, dólares e euros da propina, um mistério que até hoje a lava jato não conseguiu elucidar. E, também, por não permitir que Palocci revele como a Vênus Platinada (TV Globo) e afiliadas agem de forma ilícita e o que há de nebuloso nos inúmeros negócios da família mais poderosa do Brasil.

O segundo seria o ministério público, por ter nas mãos documentos de sobra para denunciar a família Marinho e seus negócios, mas não denuncia. E nem explica por quê, mesmo contra a vontade de Sérgio Moro, não ouviu a delação de Palocci.
Diz a imprensa que o atual governo tentou de todos os modos um acordo (espúrio) com a grande família, mas não conseguiu. O ministro Moreira Franco teria sido o articulador. Fracassou. A garganta profunda da Globo queria abocanhar ilicitudes demais. Como o governo não topou, a mala da propina trafega diariamente por todos os noticiários das TVs, das rádios e dos jornais do grupo. Temer, como Lula e Dilma antes, sente agora a mão pesada do "Dr. Roberto", mesmo do além.

Dá para ver que existe algo de podre por baixo dos panos. Ainda bem que vez ou outra o vento levanta uma ponta deles. Está sendo assim com o caso Marcos Valério. O Ministério Público não quis a delação dele. Ninguém se interessou. Engano. A Polícia Federal, sim. Fez o dever de casa. Cumpriu sua obrigação. Sem mídia moriana, nem PowerPoint Mandrake, ouviu seguidamente o carequinha. Concluiu a delação e já a mandou para o STF. Agora, resta ver o que a justiça vai fazer. Ao que se sabe, a delação do mineiro não enrola só o PT não.


O ministro Antônio Palocci, comenta-se, anda com medo de alimentar-se na prisão. Teme ser envenenado porque, depois das denúncias da Record ele pode se transformar em testemunha-bomba. Já sobre Sérgio Cabral e suas denuncias envolvendo juízes e procuradores, uma pedra em cima. O vento não consegue levantar uma pontinha sequer desse mistério.


Tudo isto me faz lembrar um trechinho da música (sambão) da campanha de Mário Covas para presidente, em 1989, nos tempos em que PSDB era PSDB:
"...o meu Brasil ainda é/
só um mapa na parede.
Vai mudar?".


Quando? Não me pergunte, para não ouvir desaforo.

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