Antônio Melo: Leniência, compadrio e mentira. A semana


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Jornalista

As denúncias são graves. Gravíssimas. E têm o testemunho de milhões de brasileiros que as assistiram ao vivo ou compartilhadas nas redes sociais. E foram feitas no plenário da mais alta corte de justiça do país, o STF, tendo, nove estarrecidos ministros, como testemunhas qualificadas, tornando mais grave ainda o show de baixarias.


-Não transfira para mim essa parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação a criminalidade do colarinho branco –acusou o ministro Luís Roberto Barroso, diretamente o colega Gilmar Mendes. E ainda completou:
-Nós prendemos. Tem gente que solta –referindo-se às sucessivas liminares e revogações de prisões da lavra de Mendes.

-Soltou José Dirceu – troco de Gilmar Mendes.
-Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é estado de direito. Isso é estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário –acusou Barroso veemente.

Para esclarecer: Compadrio (dicionário Michaellis) - Relações amistosas entre compadres; compadrado. 2 Sentimento forte de cordialidade. 3 Acordo de mancomunação.
Leniente (dicionário Michaellis) - Que revela lenidade; brando, suave.)

Isto posto, resta saber: o que fará a presidente Carmen Lúcia, depois de rasgado o véu e expostas as vergonhas malcheirosas da Suprema Corte?
É indispensável que se apurem as denúncias do ministro Barroso, feitas sob o peso da sua toga, em sessão oficial do Supremo Tribunal Federal, ante uma Nação estarrecida. O ministro Gilmar Mendes foi diretamente acusado de estar mancomunado com alguns réus de colarinho branco, para proferir votos, não aplicando a lei, nem na conformidade com a constituição, mas em inaceitáveis relações de compadrio que lançam no oceano das suspeitas as decisões tomadas pela suprema corte do país.

Ou tudo vai ficar por isso mesmo, ministra-presidente?

De meias verdades – Depois de afastada pela câmara a possibilidade de denúncia, o presidente Temer fez um pronunciamento pelas redes sociais, carregado de boas notícias, principalmente para a economia. A Folha de São Paulo, o UOL e Aos Fatos, foram checar as boas novas de Sua Excelência. A seguir frases do pronunciamento e o que as checagens encontraram:
"Os programas sociais continuam e serão sempre minha prioridade".


CONTRADITÓRIO - O PAC que abriga o Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos, instalação de equipamentos de saúde e educação, caiu de 39 para 19 bilhões, este ano. O Farmácia Popular perdeu sua rede própria. Mas o Aqui Tem Farmácia Popular, continua. O Ciências Sem Fronteiras tinha orçamento de 1,6 bilhão em 2016 e chegou só a 407 milhões, em 2017.


"A economia voltou a crescer"


VERDADEIRO - No último trimestre de 2016, a previsão do BC para o PIB era de 1,3%. Já em dezembro, caiu para 0,8%. Agora está em 0,7%. Mas pode-se dizer que a economia está retomando o crescimento, com mais 0,2% no segundo trimestre ante 1% no trimestre anterior. Considere-se aí o forte impulso dado pela produção agropecuária, com safra recorde de 13,4%.
"A indústria vem reagindo bem".


FALSO – O crescimento nos últimos doze meses é de -0,1%. De agosto para setembro, houve queda de 0,8%. O próprio BC que previa um crescimento de 0,3% já enxerga crescimento negativo de 0,6%.


"O comércio e os serviços retomam níveis bem melhores".


FALSO. A taxa acumulada no ano está em -3,8% e, em 12 meses, -4,5%, segundo o IBGE.


"Estamos consolidando avanços na educação e na saúde".


FALSO - Em 2016, sem considerar gastos com pessoal, os investimentos em educação somaram 34,5 bilhões. Em 2017 serão 31,3 bilhões de reais. Com o IPCA, para que houvesse avanço o previsto teria que chegar a 37,2 bilhões.
Também não houve reajuste real na saúde. Os gastos de 2016 (sem pessoal) chegaram a 100 bilhões. Para 2017 a previsão é de 104 bilhões. Para empatar com o ano passado seriam necessários 107 bilhões.

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