Depois que a banda passa, desfilam as “necessidades (e realidades) políticas”

Pois é, a vida começa voltar ao “normal”. Os aumentos de impostos, que a então candidata jurou em campanha não praticar e os fez esses dias, vão, finalmente, começar a ser “digeridos” por todos nós. Entrarão, enfim, no campo da realidade, atrelados ao aumento de combustíveis e de tudo o mais que vem à reboque desses.
Começaremos a ver na “telinha” e nos impressos, no lugar do colorido das escolas de samba, os números da violência enquanto a banda passava: de acidentes e mortes no trânsito nas ruas e rodovias.
De assaltos, roubos, furtos e assassinatos (praticados principalmente por menores), e a “ultima moda” nessa modalidade: os assassinatos de policiais, principalmente em serviço (este com aumento vertiginoso e sem tendências a regredir).
Políticos, principalmente parlamentares, “lutando em defesa da família”, invertendo o sentido das coisas e levando “esta batalha” para um campo mais homofóbico e desagregador, do que para o rumo certo: o da educação que envolve a família como um todo.
Que seja capaz de fazer renascer no seio familiar o interesse e a possibilidade da família voltar a ser a educadora, ao invés de delegar a missão às escolas ou ao Estado. Ambos não existem para isso. À escola, cabe orientar, abrir horizontes, mostrar um mundo além do seio familiar e a vida como ela é, despertando o interesse pelo raciocínio em busca de alternativas.
Ao Estado, caberia gerenciar o funcionamento da sociedade regulamentando, mas interferindo o mínimo possível nesta. Caberia. Pois, de fato, sobra para o Estado, via o seu braço armado e repressor, as polícias, a tarefa de “aplicar corretivos” nos infratores que as família não quiseram, não souberam, ou não tiveram apoio para educar.
Além dos “moderninhos de plantão” que defendem o usuário de drogas como um simples doente (mas que o Estado não recolhe para tratar e deixa solto destruindo famílias). Tais “moderninhos” ignoram que esses “doentes” são, na verdade, a peça final de uma engrenagem bilionária que movimenta o narcotráfico no mundo e assim, e apenas assim deveriam ser tratados.
Então, sobra, também para as polícias, o marginal de qualquer idade e com armas que o Estado não teve a competência de impedir a entrada pelas nossas fronteiras. E olhe que na outra eleição presidencial, em 2010, a hoje presidente pela segunda vez, Dilma Rousseff, já prometia os famosos aviões não tripulados para vigiar as nossas fronteiras.
Nem compraram os prometidos, e nem fizeram decolar os poucos que compraram. Mas a política de fronteiras foi uma das mais fortes bandeiras nas eleições daquele ano. Entre lá e cá, a banda já passou cinco vezes…
Mas, depois que a banda passa só nos resta observar a “ressaca” da “Pátria Educadora” que nada educa. Sobre este slogan, o jornalista e Doutor em Ciências Políticas, Leonardo Sakamoto, afirma: “Claramente escolhida em consonância com as recomendações de seu marqueteiro João Santana, a ideia tenta dialogar com os protestos de rua de junho de 2013 com dois temas que estiveram presentes: o resgate de um certo patriotismo e a demanda por educação.
A utilização do termo “pátria” em qualquer processo público no Brasil me dá arrepios por conta do nacionalismo tosco que evoca. Afinal, é usado exaustivamente em regimes autoritários, como a última ditadura militar brasileira, a fim e promover o sentimento de amor à terra pátria (aliás, bem melhor seria se fosse “mátria”, terra materna, mas isso é outra discussão).
Alguém que esteve presa por anos e foi torturada por uma ditadura bizarra saberia disso. Mas a memória é condicionada às necessidades políticas”.
Aliás, sobre tais “necessidades políticas” que fazem parte de nossa cultura patrimonialista, cabe refletir, também, que ao invés “de o asfalto subir aos morros e favelas (levando ações positivas e inclusivas)”, estas foram obrigadas a descer para reivindicar e tomar aquilo que o asfalto lhe nega por séculos. Mesmo que, às vezes, com a mesma intensidade de violência com que o topo da pirâmide(o asfalto) lhes tratou. E pior, com o aval do Estado e quase sempre para atender as “necessidades políticas”.
Para não fugir do enredo, nessas horas sempre me vem em mente um trecho do samba da gloriosa Mangueira, “cem anos de liberdade, realidade e ilusão”, do carnaval de 1988, que diz: “Pergunte ao Criador, pergunte ao criador quem pintou esta aquarela.
Livre do açoite da senzala. Preso na miséria da favela…”.

Por Francisco Lima Jr.

Francisco Lima Jr.(48), Jornalista, Cientista Político pela UnB, Professor de Jornalismo nas Faculdades Icesp/DF, titular do www.blogdoprofessorchico.com.br, blogueiro colaborador na Agência Política Real, Colaborador no Programa Diário Brasil, na TV Gênesis e Presidente da Associação Brasiliense dos Blogueiros de Política (ABBP). fpaulalj@gmail.com

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