Diocese de Bacabal abre Campanha da Fraternidade 2015


Celebração reunindo as paróquias de Sant'Ana e São Joaquim, São Francisco e Santa Teresinha e, a Quase-Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Bom Lugar, marcou a abertura da Campanha da Fraternidade 2015.
Católicos de diversas pontos da cidade concentraram-se na Matriz de Sant'Ana e São Joaquim, no Bairro Ramal, para a Missa dominical, que contou com a presença de diversos sacerdotes, religiosos, diáconos e o povo de Deus.
Sob a presidência do bispo diocesano, Dom Armando Martin Gutierrez, a cerimônia marcou o início dos trabalhos e com esse momento a Igreja busca recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.


Todos os anos a Igreja se propõe, durante a Quaresma, a refletir uma temática que aflige a sociedade e a despertar nos cristãos uma postura mais ativa.
Temas de relevância, como as drogas, a questão indígena, o problema da água, da violência, a juventude e, no ano passado, o tráfico humano, já foram abordados.
Dentro do período Quaresmal a Diocese procura se unir para, então, divulgar à toda sociedade a proposta da Igreja e obter êxito em seu propósito.
Na homilia Dom Armando propôs a cada cristão atuar no meio da sociedade como instrumento de serviço, tendo como referência o próprio Jesus Cristo. Em um tom profético indagou também nossa postura diante de tantos problemas que o país, o Estado e nossa cidade enfrentam.
"Então, se a sociedade, sendo nós maioria, não tem o rosto do Reino de Cristo, do Evangelho, é culpa também nossa. Nós não estamos fazendo a nossa parte. Nossa relação com o mundo não está sendo realmente fermento, luz e sal?, interrogou.


Ao final da celebração aconteceu a apresentação do Ministério Luz das Nações, da Comunidade Nossa Senhora da Conceição, que através de uma coreografia ajudou os participantes da celebração a entender melhor o chamado de cada um como cristão.
Antes da bênção, Frei Ribamar agradeceu a presença de todos e pediu o empenho dos agentes na divulgação da mensagem da Campanha da Fraternidade e na vivência da Quaresma.
Após o término da Missa, os fiéis puderam confraternizar-se no largo da Matriz de Sant'Ana e São Joaquim, que se encontra ainda em fase de finalização da obra, agora com foco mais direcionado parte externa do templo, como a calçada, escada e o campanário.

Homilia de Dom Armando Martín Gutierrez


Irmãos no presbiterato,
Religiosos e religiosas,
Povo de Deus aqui presente...

Cada campanha da fraternidade tem um tema, para não nos dispersarmos as forças. Quando o povo de Deus está unido, realmente Cristo se manifesta.
Temos aqui diante de nós o tema da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e temos o lema que foi colocado diante de nós: “Eu vim para servir”. E temos uma imagem que talvez como nenhum outro ano, representa, ilustra de um modo tão claro qual é a nossa atitude, o nosso objetivo nesta campanha: temos aí o papa Francisco - nosso querido papa -, lavando e beijando os pés de um dos presos na quinta-feira santa do ano passado. Ele quis estar perto dos presos, dos excluídos... Ele representa Jesus, atualiza o mesmo gesto de Jesus quando disse: “Eu vim para servir e não para ser servido”. Essa imagem fala mais do que muitos discursos ou ideias teóricas e foi a imagem que Jesus nos deixou, a última imagem, o ícone: arregaçando as mangas, com uma toalha cingida à cintura, com uma bacia de água lavando os pés dos discípulos. É essa atitude que nos pede a Campanha da Fraternidade!
Celebramos recentemente os 50 anos do Concílio Vaticano II: lá a Igreja tomou ainda mais consciência desse gesto e proclamou através da Gaudium et Spes que uma igreja que está a serviço não pode estar fechada, se preocupar somente com si mesma ou somente com a salvação dos seus membros; uma igreja que isola-se do mundo para proteger-se das ameaças, das maldades, das tentações... Igreja tem que ir ao meio do mundo, da sociedade e vai com uma atividade bem precisa: não vai para ser a melhor, para ter privilégio, vai para servir! E esta é a atitude que temos que descobrir e renovar cada vez mais, principalmente neste tempo de Quaresma; tempo de graça em que vivemos, com a igreja presente dentro da sociedade, no convívio das pessoas, que se organiza, se articula em vista do bem comum. E a Igreja somos nós, comunidades, animados pelo espírito de Cristo ressuscitado que quer transmitir a vida plena, o Evangelho a todas as nações, como Jesus nos mandou.
Coincide na sociedade brasileira que a maior parte dos seus membros seja cristã. Levamos no coração a Cristo ressuscitado, a Boa Nova, a alegria do Evangelho. Mas às vezes nos omitimos, às vezes não nos colocamos à disposição dos irmãos ou nos sentimos diversos ou acima dos problemas e das dificuldades da caminhada da sociedade. Mas é este o chamado que a campanha deste ano faz: eu e cada um de nós que somos cidadãos desta sociedade devemos ter um compromisso sério! Como diz Jesus: “Vocês são a luz do mundo, o sal da terra, o fermento que dá sabor!”
Diz a Gaudium et Spes nº 40: “Deste modo, a Igreja, simultaneamente ‘agrupamento visível e comunidade espiritual’, caminha juntamente com toda a humanidade, participa da mesma sorte terrena do mundo e é como que o fermento e a alma da sociedade humana, a qual deve ser renovada em Cristo e transformada em família de Deus.
O melhor serviço que podemos dar ao mundo é levar Jesus-Vida a todo ser humano, consolação, esperança, caminho e verdade a toda pessoa! E de fato como Igreja estamos organizados em tantas pastorais. Lembro-me de muitos de nós que desde o ventre materno são acompanhados através da Pastoral da Criança até a morte, com a Pastoral da Pessoa Idosa, passando por tantas pastorais sociais, tantos outros serviços. Queremos fazer este serviço à sociedade, mas talvez vendo os frutos, estamos fazendo pouco. Temos que engajarmos cada vez mais!
Sabemos que esta nossa sociedade globalizada exclui muitas pessoas. E justamente ao lado destes mais necessitados que ninguém veem, que são invisíveis ao poder público, é aí somos chamados a agir com verdadeira solidariedade e fraternidade. Tem uma frase da Beata Madre Teresa de Calcutá que nos ilumina nesta missão: “Cristo está presente naquele de quem ninguém precisa, que ninguém emprega, que ninguém cuida, que tem fome, que está nu, que não tem lar... estes parecem inúteis aos Estado, à sociedade, ninguém tem tempo para lhes dar. Compete-nos a nós cristãos, a vós, a mim, procurar ajudá-los. Eles estão lá para que o encontremos”. Por isso, diz nosso Papa Francisco, devemos ir ao encontro dos mais afastados, daqueles que estão na periferia existencial.
O evangelho de hoje (Marcos 1,12-15) é muito pequenino, mas quis iluminar nosso compromisso de fraternidade:
“Naquele tempo, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam.
Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: ‘O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!’”
A igreja hoje é guiada pelo Espírito, é uma comunidade que deve-se deixar levar pelo Espírito segundo as necessidades desse nosso tempo. Lembremos que o deserto é o lugar do caminho, não tem luxo, nem mordomia, só despojamento e sobriedade. A Igreja deve caminhar assim: sem privilégios, sem querer aparecer ou ser consumista... Caminhamos no deserto, somos peregrinos.


O deserto também lembra aos profetas o primeiro amor, quando a nação jovem de Israel ainda amava e obedecia ao seu Senhor. Jesus, passou 40 dias no deserto como nós, sendo tentado por Satanás. Hoje também a Igreja é tentada em ter a mesma mentalidade do mundo, em fazer com que o ibope seja grande, em ter o maior número de pessoas ou que apareça como uma coisa extraordinária. Essa é a tentação que pode trair a essência do evangelho.
No deserto também há a presença de animais selvagens e Jesus estava lá. Os inimigos do Evangelho na Bíblia com frequência têm estas características animalescas, de bestas. “Eu vos envio como cordeiros em meio a lobos”. Já o Apocalipse fala do dragão que quer matar a jovem igreja – simbolizada naquela mulher que vai gerar o Salvador. Jesus chamava Herodes de raposa, pela falsidade, pela mentira, pelo poder e a opressão dos pequenos. Então, neste caminho tem “animais” que querem destruir o Reino. Mas, por outro lado, tem os anjos – os mensageiros de um Deus que nunca falha e que serviam a Jesus no deserto. E o Senhor nos serve, continua nos servindo para que sejamos servidores dos outros.
A última mensagem é que o Reino de Deus está próximo e “convertei-vos e crede no Evangelho”. Essa é a Igreja que vive no meio da sociedade, animada pelo Espírito, que luta contra inimigos poderosos, mas que só tem uma missão: anunciar a conversão, a transformação da realidade segundo o projeto do Reino, segundo o anúncio e a boa nova do Evangelho.
Que esta Quaresma nos faça cada vez mais compreender e nos encontre na reflexão, comprometidos na transformação desta sociedade. Conscientes de que Cristo está ao nosso lado e que nós seguimos na história os passos desse Jesus que não veio para ser servido, mas para servir, continuemos servindo aos nossos irmãos como comunidade e como igreja.

Por Pascom Paróquia de Sant'Ana
Fotografia Lourival Albuquerque

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