Afinal, o que se comemora no dia 28 de julho?


O que me levou a escrever um pouco sobre esse assunto foi que alguns amigos me perguntaram o que realmente aconteceu no dia 28 de julho para ser decretado feriado. Pois bem, vou tentar esclarecer de forma breve esse fato histórico e a importância do mesmo para a nossa história.
É sabido por todos que a “independência” das terras de Santa Cruz em relação ao domínio português ocorreu em 7 de setembro de 1822. Mas o fato não foi consolidado imediatamente. D. Pedro I foi coroado imperador em dezembro daquele ano mas ainda teria muito trabalho para efetivar a sua liderança em todo o território.

Onde o Maranhão entra nessa história? O nosso território foi um dos últimos a aderir o processo de independência. Havia uma resistência por parte dos comerciantes portugueses que não aceitavam tal processo. Segundo José Murilo de Carvalho, “A independência não introduziu mudança radical no panorama descrito. Por um lado, a herança colonial era por demais negativa; por outro, o processo de independência envolveu conflitos muito limitados. Em comparação com os outros países da América Latina, a independência do Brasil foi relativamente pacífica. O conflito militar limitou-se a escaramuças no Rio de Janeiro e à resistência de tropas portuguesas em algumas províncias do norte, sobretudo Bahia e Maranhão”.
No dia 28 de julho de 1823 a marinha de guerra brasileira comandou o cerco a São Luís, sob a chefia do Lord Cochrane*, os navios se posicionaram na Baía de São Marcos com os canhões apontados para a ilha que culminou finalmente com a decisão do Maranhão de aderir a nova ordem política, incorporando-se ao Império.
O desconhecimento desse fato acontece devido ao pouco conhecimento que nós temos em relação aos fatos históricos ocorridos em nosso estado e que refletiram a nível nacional. A história tradicional por muitos anos colocou a região sul e sudeste como protagonistas em detrimento das demais regiões. O Maranhão, por exemplo, com raras exceções a exemplo da Balaiada aparece nos livros de forma breve e sem muita importância no contexto geral dos acontecimentos. Mas quero deixar bem claro aqui, que o mesmo acontece na história geral. Onde para as tendências tradicionais, a Europa é o centro do mundo e todos os demais continentes são somente acessórios.
O 28 de julho é mais uma data que os amantes do positivismo vangloriam, afinal de contas precisamos de alguma referência para se iniciar uma escavação. Daí vocês podem questionar, a Rua 28 de julho, em Bacabal, recebeu esse nome devido a esse fato histórico? Daí eu respondo a todos fazendo uma menção ao saudoso poeta Raimundo Sérgio de Oliveira, que muito contribuiu com o meu trabalho de conclusão de curso que aborda as memórias das nomenclaturas dos logradouros do município. Em entrevista o senhor Raimundo Sérgio me relatou que a Rua 28 de julho aqui, é em referência à rua de mesmo nome na capital São Luís, pois lá o logradouro era permeado de bordéis, não diferente aqui em Bacabal; e que estes foram transferidos, na década de 1960, para o Bairro Três Irmãs, atual Bairro da Areia, mais precisamente à Rua 14 de julho, após alguns membros da sociedade e igreja se manifestarem contrários a permanência dos mesmos na região central da cidade.
Até o ano passado este feriado acontecia somente para os servidores da rede estadual. Mas este ano o decreto governamental estabelece feriado a todas as repartições.
Quero deixar bem claro que não espero com esse breve escrito esgotar todas as questões em relação ao tema, mas aguçar o desejo da pesquisa na comunidade estudantil e docente.
Desejo bom feriado a todos!

Frank Oliveira da Silva
Historiador; Professor da Rede Estadual; Especialista em Docência do Ensino Superior e Gestão Escolar; Especializando em Gestão Pública; Membro do Grupo de Estudos da Linguagem – Construindo Argumentos (UEMA/CESB); Exerce atualmente a função de Secretário Municipal de Juventude em Bacabal/MA.

*Almirante escocês que recebeu o título de Marquês do Maranhão por parte de D. Pedro I por ter conseguido derrubar a resistência no território.

Referências
BURKE, Peter. (org.). A Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: editora da Universidade Estadual Paulista, 1992.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
OLIVEIRA, Raimundo Sérgio de. Histórias de Bacabal. Bacabal: independente, 2003.
THOMPSON, Paul. A Voz do Passado: História Oral. Tradução: Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

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