O ministro José Eduardo Cardozo pode selar nesta segunda-feira (29) sua saída do governo. Ele já manifestou este desejo à presidente Dilma em outros momentos, mas acabou ouvindo apelos para que permanecesse no cargo. Desta vez, porém, ele teria tomado a decisão de deixar o Ministério da Justiça, onde é intensamente cobrado por petistas para ter o controle da Polícia Federal, especialmente, dos passos da Operação Lava Jato.
 
Durante todo o fim de semana, Cardozo conversou por telefone com a presidente Dilma - tanto no sábado em que a presidente ainda estava no Chile, quanto no domingo, quando ela chegou a Brasília Os dois ficaram de ter uma conversa pessoal nesta segunda-feira, para tomar a decisão. Apesar da pressão crescente do PT pela saída dele, a presidente tem pedido que o ministro permaneça por mais um tempo. Para Cardozo, esse tempo já passou.
  
Na semana passada, um grupo de deputados petistas foi a seu gabinete para pressioná-lo a ter o controle da Polícia Federal. A cobrança irritou o ministro, que não compareceu à festa de aniversário do PT. Não haveria ambiente para ele nas comemorações dos 36 anos do partido, onde o tom da festa foi a solidariedade ao ex-presidente Lula, que agora já é investigado por conta da propriedade do apartamento no Guarujá e do sítio em Atibaia.
 
A preferência do PT para o Ministério da Justiça é o deputado Wadih Damous, do Rio de Janeiro. Ele tem produzido questionamentos à Justiça, tanto no âmbito de ações da Câmara em contra-ponto a Eduardo Cunha, como em estratégias também para enfrentar a operação Lava-Jato. Caso Cardozo confirme a saída do cargo, a presidente poderá buscar o nome de um jurista para o Ministério. Um nome lembrado é o do ex-ministro do STF, Gilson Dipp, que se aposentou ano passado. A dificuldade é que ele enfrentou recentemente problemas de saúde.