PT e PSDB minimizam resultados da nova pesquisa Datafolha para presidente

Embora preso, o ex-presidente Lula lidera nos cenários em que seu nome é apresentado. Já o tucano Geraldo Alckmin oscila entre 6% e 8%

ALINE RIBEIRO / MARIA LIMA, O GLOBO SÃO PAULO e BRASÍLIA


A presidente nacional do PT Gleisi Hoffman discursa em Curitiba - Pablo Jacob / Pablo Jacob


Embora seus pré-candidatos apareçam em situações bem diferentes, o PT e o PSDB reagiram de modo a desqualificar os resultados da pesquisa do Instituto Datafolha sobre intenção de votos para a Presidência, divulgado neste domingo pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Na sondagem, que ouviu 4.194 pessoas de em 227 municípios, entre a quarta (dia 11) e a sexta-feira (13), o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva lidera as intenções de votos, com 31%, seis pontos percentuais abaixo da pesquisa anterior, de janeiro, quando aparecia com 37% das intenções.


Já o ex-governador paulista Geraldo Alckmin oscila entre 6% e 8% das intenções de voto nos diferentes cenários testados. E em alguns dos cenários, Alckmin aparece ainda atrás do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que se filiou ao PSB mas ainda não decidiu-se se será ou não candidato. Barbosa oscila entre 9% e 10% nos vário cenários apresentados aos eleitores.


Mesmo assim, os tucanos viram um dado positivo na pesquisa: sem o ex-presidente Lula candidato, Alckmin é o único nome capaz de vencer o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Nesse cenário sem Lula, se chegar ao segundo turno, Alckmin também empataria com Ciro Gomes (PDT) .Os tucanos criticam o fato de a pesquisa incluir no questionário de consultas candidaturas ainda não colocadas, como a de Joaquim Barbosa, e de Lula, inelegível pela lei da ficha limpa.


— A eleição está longe, mas um bom dado é que Geraldo vence Bolsonaro num provável segundo turno — avalia o ex-líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), vice-presidente nacional do PSDB e pré-candidato ao Senado na chapa de Alckmin.


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Os integrantes do comando da campanha de Alckmin apostam que ele irá aglutinar alianças de partidos de centro, o que poderia ser reforçado com Joaquim Barbosa, de perfil de centro-esquerda. O tesoureiro nacional do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), diz que a pesquisa precisa ser vista com cautela neste quadro em que candidaturas seguras misturam-se a meras possibilidades — caso de Lula e Barbosa — criando cenários e números de relevância questionável.


— Números, aliás, que não permitem inferir qualquer tipo de evolução, já que todos os cenários apresentados diferem dos apresentados na pesquisa anterior do mesmo instituto. A campanha de Geraldo Alckmin está otimista com a receptividade encontrada nesse início de pré-campanha e com as alianças já encaminhadas. Pesquisas são retratos do momento. E o momento é de completa indefinição. O eleitor começará a definir o seu voto a partir de agosto — critica Sílvio Torres.
Já o secretário geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), diz que o jogo está completamente aberto e o quadro sem Lula fragmentado. Ele acha que até julho não haverá grandes mudanças e só a o início da campanha na TV poderá introduzir mudanças substantivas.


— O Joaquim Barbosa primeiro tem que convencer o PSB, que não tem mostrado muito interesse em lançá-lo a partir de outras prioridades. Se conseguir legenda teremos um outsider competitivo, mas que não tem perfil conhecido, agrada a direita por conta do mensalão e desagrada por suas posições contra o impeachment e outras comportamentais. Só a TV mexerá com os números. Hoje a dispersão é grande, a mobilização pouca e o interesse do cidadão quase nenhum. O candidato do PT e o Geraldo crescerão — avalia Pestana.


A Assessoria do pré-candidato tucano Geraldo Alckmin, divulgou nota neste domingo na qual minimiza os resultados da pesquisa DataFolha. A nota diz ainda que o candidato está "otimista" com a receptividade que tem encontrado neste início de pré-campanha, e que os eleitores apenas começarão a definir o voto a partir de agosto.


"A pesquisa precisa ser vista com cautela neste quadro em que candidaturas seguras misturam-se a meras possibilidades, criando cenários e números de relevância questionável. Números, aliás, que não permitem inferir qualquer tipo de evolução, já que todos os cenários apresentados diferem dos divulgados na pesquisa anterior do mesmo instituto", diz a nota, acrescentando: "A campanha de Geraldo Alckmin está otimista com a receptividade encontrada nesse início de pré-campanha e com as alianças já encaminhadas. Pesquisas são retratos do momento. E o momento é de completa indefinição. O eleitor começará a definir o seu voto a partir de agosto".


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Representantes do PT também procuraram desqualificar o resultado da pesquisa divulgada neste domingo pelo Instituto Datafolha, na qual o ex-presidente Lula aparece com 31% de intenção de votos, no cenário mais favorável entre os nove levantados. A legenda questiona, principalmente, o fato de o nome de Lula ter sido apresentado aos entrevistados somente em três dos nove cenários hipotéticos pesquisados.


O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirma que a tentativa de interditar Lula na pesquisa resulta numa eleição sem nenhuma legitimidade.


— Houve manipulação no sentido de tentar diminuir a intenção de voto em Lula. Além disso, comparar os resultados dessa pesquisa com uma de janeiro, onde boa parte dos nomes colocados agora não estavam, é de uma grande desonestidade — disse Pimenta.

Em sua conta no Twitter, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), atual presidente nacional do PT, também questiona a metodologia da pesquisa:


“Dos 9 cenários pesquisados só colocam Lula, q tem o dobro do segundo colocado, em apenas 3! Como falar em cenário mais favorável pra Lula entre os 9?!”, postou a presidente do PT.


Na última sexta-feira (13), o Diretório Nacional do PT havia ajuizado uma representação para suspender, em caráter de urgência, a pesquisa encomendada pela Folha da Manhã ao Instituto Datafolha sobre as eleições de 2018. Alegava que o questionário adotado no levantamento trazia perguntas que causavam danos à agremiação e ao seu pré-candidato.


Segundo os advogados que tentaram o impedimento, a pesquisa ignorou a pré-candidatura de Lula “e apresentou perguntas tendenciosas com potencial para induzir entrevistados e manipular os resultados da pesquisa”. O ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Og Fernandes negou o pedido.


Expectativa de crescimento
Antes da divulgação da pesquisa, a expectativa da cúpula do PT era de que a comoção em torno da prisão de Lula o faria crescer nas intenções de voto. Mas o resultado foi desfavorável ao ex-presidente.


Lula perdeu seis pontos percentuais em relação ao levantamento anterior do Datafolha, divulgado em janeiro, quando tinha 37% das preferências. As pesquisas, entretanto, não podem ser diretamente comparadas, uma vez que não apresentam os mesmos cenários e nomes de pré-candidatos.


Apesar de desqualificarem a pesquisa, os correligionários comemoram a liderança de Lula em todos os cenários em que foi apresentado.


“Nos cenários de segundo turno, onde está, é Lula disparado!”, escreveu Gleise em sua conta do Twitter, junto com foto do ex-presidente ao lado do cantor Chico Buarque.


Marina diz estar atenta à polarização
Segunda maior beneficiária sem o ex-presidente Lula na disputa presidencial segundo a pesquisa Datafolha divulgada hoje, a ex-ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade), diz que está atenta ao risco da “extrema” polarização do debate político . Pela pesquisa, atrás do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Marina oscila entre 15% a 16% das intenções de votos.


“Recebo com tranquilidade o resultado da pesquisa DataFolha. Nesse período de pré-campanha em que tenho circulado pelo país, estou atenta ao risco da extrema polarização do debate político e comprometida com o debate e não com o embate”, disse Marina em sua conta no Twitter.


Maia e Meirelles também se manifestam
Com 1% das intenções de votos na pesquisa Datafolha, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diz que a eleição ainda está totalmente aberta e que o cenário, para sua candidatura, continua inalterado. Sobre os números do ex-ministro Joaquim Barbosa, Rodrigo Maia diz que ficaram abaixo da expectativa.


E diz que mantém sua candidatura.

— A eleição está completamente aberta. Nenhum motivo pra recuar. Joaquim Barbosa já tinha 8 a 10% em dezembro. Muitos achavam que ele poderia sair com 20% nesta pesquisa. Ficou no mesmo patamar de dezembro — diz Rodrigo Maia

Já Meirelles disse que ainda acredita que tem chance de atrair o eleitorado para a sua candidatura. Ele se desfiliou do PSD e ingressou no MDB, de olho na Presidência da República.


"Os resultados estão dentro do esperado. Nesta fase da pré-campanha os números tendem a não sofrer grandes alterações com exceção daqueles que estão enfrentando acusações e problemas. No meu caso, o mais importante são as pesquisas qualitativas que mostram que os eleitores que têm acesso ao meu histórico reagem positivamente em sua grande maioria", diz Meirelles em nota.


O deputado Jair Bolsonaro informou que não comentaria a pesquisa Datafolha. Em entrevista à TV Bandeirantes, no programa do apresentador José Luiz Datena, o pré-candidato limitou-se a afirmar que o instituto "não goza de credibilidade". "Eles, em 2014, erraram. Com todas as pancadas que eu levo, eu estou em empate técnico com a Marina".

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