Antônio Melo: Escola sem partido e sem saber.


Resultado de imagem para antônio melo jornalistaPor Antônio Melo
Jornalista

Mais de 40 títulos de Doutor Honoris Causa concedidos por universidades americanas e europeias, Prêmio Unesco da Educação para a Paz, título de professor emérito por diversas universidades europeias, americanas e brasileiras, livros traduzidos em oitenta países.

No Chile, exilado, escreveu Pedagogia do Oprimido, em 1968, que só viria a ser publicado/permitido no nosso país em 1974, quando a ditadura estava se desmilinguindo. A obra é considerada há anos, o terceiro livro mais citado internacionalmente no âmbito das Ciências Humanas, segundo pesquisa realizada pela London School of Economics.

Estamos falando de Paulo Freire o educador pernambucano respeitado em todo o mundo que a direita quer banir da educação brasileira. Para colocar em seu lugar a chamada “escola sem partido”, defendida pelo presidente Bolsonaro e pelo sábio Kim Patroca Kataguri, líder do MBL, versão moderna do grupo paramilitar CCC (Comando de Caça aos Comunistas) dos anos sessenta.

Esse é o Brasil que se quer nos impor agora.

Paulo Freire encantou com suas teorias sobre educação o então governador Aluízio Alves, do Rio Grande do Norte, e realizou na cidade potiguar de Angicos a experiência-piloto do seu Método de Alfabetização de Adultos. “Esse método (...) parte do pressuposto de que, primeiro, os alfabetizandos deveriam fazer a leitura do mundo, em uma perspectiva crítica da realidade em que estavam inseridos e, só depois, seriam iniciados na leitura das letras, utilizando o Método Silábico”, conforme a professora Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira, docente do Curso de Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Campinas, estudiosa do educador.




Aqui, Paulo Freire e o seu método foram transformados em sinônimos de comunismo, subversão. Por isso, deportados para outros países onde são reconhecidos, aclamados e difundidos sem a partidarização –essa sim- que quer transformar nossas escolas e universidades em sucursais partidarizadas do MBL, a universidade da ignorância e da alienação.

O século XXI chegou às portas do Brasil e entrou sem pedir licença. Cheio de inovações, conquistas, avanços e retrocessos. Perdemos um Obama progressista nos Estados Unidos e a ignorância da escola sem partido americana nos impingiu um Donald Trump, empresário de jogo de azar que flerta o tempo todo com uma guerra, se possível atômica.

O magnata do jogo quer que nós também rompamos com Venezuela e Cuba, por serem ditaduras sanguinárias. Mas não rompe relações com a Arábia Saudita, do príncipe-herdeiro Mohammed bin Salman que, segundo a CIA, mandou matar, esquartejar e desfigurar o rosto do jornalista Jamal Khashoggi no consulado daquele país, em Istambul (Turquia), no dia 2 de outubro, deste ano.

São essas discussões que os defensores da tal “escola sem partido” não querem que se travem. Preferem nos ver, cordeirinhos, mudando a sede da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, como fez o guru americano. E dando cotoveladas na China, nosso maior parceiro comercial.

Mas não discutamos essas coisas. Saudemos o retrocesso aos tempos em que Paulo Freire foi banido do nosso país. Deixemos que o mundo que o glorifica fique com ele. Nós não queremos. Temos por aqui os nossos Kim Patroca Kataguri, líder e guru de uma geração de formandos pela universidade da intolerância e da alienação do MBL. E isso é bom para os novos tempos que escolhemos pelo voto.

Fazer o que? Bater palmas para Trump, como quer o nosso ilustrado e experiente ministro (indicado) das Relações Exteriores e continência à bandeira dos Estados Unidos, como bem nos ensinou o novo presidente de todos nós.

E viva a Nova República Federativa do Brasil dos Estados Unidos.

1 Comentários

  1. Esse colunista não está com nada. Assim como o "ilustre" Paulo Freire. Honrarias à parte. Dai a César o que é de César. Mas não é toda essa coca cola não. A educação brasileira precisa mudar. Chega de pedagogia do oprimido!!!!! Deixem o presidente eleito pelo povo,de maneira livre e democrática, simplesmente trabalhar. Largue essa "lenga-lenga" que já cansa a todos nós... já sabemos o que certo e o que é errado. Não aceitamos mais as coisas prontinhas de cabeças intelectuais como vcs não.

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