Antônio Melo: Está na hora de descer da goiabeira

Antônio Melo, Jornalista - Alguém precisa avisar ao presidente Jair Bolsonaro que a partir do dia 2 – sim, porque dia primeiro é só festa- um país beirando os 210 milhões de habitantes, com uma dívida pública lambendo os 4 trilhões de reais, com cerca de 12 milhões de desempregados estará sob o comando dele.
No interregno da vitória à posse esperava-se conhecer um pouco dos planos do novo governo. O que pensa fazer com o país. O Nordeste, por exemplo, com quase 57 milhões de brasileiros, foi tratado como se Brasil não fosse. Nem foi chamado a sentar à mesa dos que vão governar o país. Ficou só assistindo. Não lhe coube nenhum dos 15 da campanha depois 17, 18, 19, 21 ... ministérios.
Coube-lhe uma promessa feita pelo próprio presidente. Mandar o ministro da Ciência e Tecnologia voar para Israel para descobrir a revolucionária ciência da tecnologia de dessalinização das águas salgadas e salobras.
Ora, céus, o que ficou fazendo essa turma toda lá naquelas instalações do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília? O que fez todo esse tempo Ricardo Sales, advogado e administrador, futuro ministro Meio Ambiente e o seu colega astronauta Marcos Pontes, prestes a viajar para Israel, que não tiveram tempo de dar uma olhadinha nos sites dos seus respectivos ministérios para evitar que o presidente passasse por tão grande vexame?
Transcrevo aqui o que está no site do Ministério do Meio Ambiente:
“O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil, que visa estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de sistemas de dessalinização de águas salobras e salinas. Lançado em 2004, o PAD foi concebido e elaborado de forma participativa durante o ano de 2003, unindo a participação social, proteção ambiental, envolvimento institucional e gestão comunitária local”.
Pelo menos ler o material do site da Pasta que vai comandar é um dever do futuro titular. Ser ministro não é só sentar naquelas cadeironas, andar de carro preto reluzente, apertar campainha, ter um batalhão de assessores, garçons servindo cafezinho, mordomias, secretárias. É trabalhar, também. E muito. Agora, deixar o presidente passar por tamanho vexame, é vexame ainda maior. E inaceitável. O que se pode esperar de futuras excelências como essas?
Mas vamos aguardar.
Enquanto isso, só a título de colaboração, informo que desde 2011 o Programa Água Doce já aplicou mais de 250 milhões de reais –deveria ser muitos mais- transformando águas salobras e salgadas em potáveis, próprias para o consumo humano e animal, beneficiando mais de 500 mil pessoas nos estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Maranhão.
Pronto, fiz o trabalho que os futuros ministro deveriam ter feito. E digo mais. Para o governo do presidente Jair Bolsonaro continuar a fazer isso, não precisa ir a Israel. Basta dar uma chegadinha por aqui mesmo. Em qualquer um desses estados. É só escolher. Vai ver tudo funcionando, bonitinho, uma beleza. Só tem um defeito, não é do agrado de Donald Trump. Aí, pode ser que o novo Itamaraty não goste.

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