Antônio Melo: O bonde errado


Antônio Melo, Jornalista - Você liga o televisor e lá está William Bonner anunciando que o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), mostrou uma realidade terrível: de 2012 a 2015 o Brasil estagnou nas áreas avaliadas (matemática, ciências e leitura). Isso jogou o país no grupo daqueles com nota abaixo da média.
O PISA é um programa da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que reúne exclusivamente países desenvolvidos, ricos e que avalia nações que não fazem parte da entidade, como o Brasil.
Isto posto, passemos aos achados do PISA.
Se o Jornal Nacional, não fosse à época entusiasta do governo Temer que assumira ao som dos seus plim-plins poderia ter anunciado a seguinte e verdadeira notícia:
BONNER: Desempenho de estudantes brasileiros dos institutos federais de educação supera o dos países mais desenvolvidos, incluídos aí Estados Unidos, Coréia do Sul e Japão.
E por que notícias são dadas daquela outra forma?
Não sei se você percebeu, mas naquele tempo, como nos tempos de Collor e no tempo de agora o Brasil está à venda. Portanto, é preciso dizer que tudo ia e vai mal. Que as conquistas -mesmo as reconhecidas mundo a fora- foram ruins: redução da miséria, da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, da renda, o lugar de quinta economia do planeta disputando com a Inglaterra depois de superar Itália, França, Espanha. Tudo isso foi demonizado. Claro que houve muita roubalheira, também. Mas destruir e negar o que foi feito, conquistado? Para quê?
É preciso convencer os brasileiros que governo não sabe administrar. Quem sabe administrar é a iniciativa privada. É verdade que não é bom olhar para a Vale do Rio Doce. Ou a Boeing agora sócia da Embraer com o seu Super Cai-Cai, a Odebrecht Corrupção e Investimentos Ilimitados, a JBS, os bancos Econômico, Santos, Bamerindus, as cervejarias fantasmas, a Varig, a Transbrasil, a Cruzeiro do Sul, os incentivos fiscais ilimitados e renovados ad eternum, os subsídios, os regimes diferenciados, o dólar exportação/importação, as tetas dos governos municipais-estaduais-federal vertendo o manjar dos céus em forma de verbas públicas que faltam para programas sociais.
O PISA provou que quando se investe e incentiva a educação, como se fez naqueles anos, a molecada dá show. Foi assim, recentemente. De 1500 até o governo FHC haviam sido construídas 190 escolas federais. No governo do tucano, foram 11. Os governos seguintes, exceção ao de Temer cujos números não se conhece, construíram 214 institutos federais, implantaram o Ciências Sem Fronteiras, proporcionando conhecimento em outros países a mais de 100 mil estudantes (o programa foi extinto no governo Temer), abriram 1 milhão e 200 mil vagas em universidades privadas, criaram 18 novas universidades.
Hoje, isso é ruim. Tem que ser demonizado. Extinto.
O ambiente a ser mostrado é de caos. Estados e municípios endividados, quebrados. Solo fértil para fazer vicejar as sementes das privatizações. Em ambiente assim o governo chega para socorrer estados endividados. Desde que vendam o melhor do seu patrimônio. Privatizem o que ainda resta. O Rio vendeu a Cedae, a companhia de águas de lá. O Rio Grande do Norte, querem que venda a Caern, companhia de águas, última joia da coroa estatal.
O Brasil está na contramão do mundo. Relatório do TNI (Transnational Institute) com sede na Holanda, aponta que de 2000 até o fim do ano passado, 884 serviços privatizados foram reestatizados com destaque para países da mais fina flor do capitalismo como Estados Unidos, Alemanha e França. Sendo que a tendência é que esse número cresça, uma vez que 80% das reestatizações ocorreram depois de 2009, mostrando essa perspectiva. Alemanha com 348, França 152, Estados Unidos 67, Reino Unido 65 e Espanha 56 lideram a lista das re-estatizações.
As razões estão na essência da própria empresa privada.
“Quando um serviço público é vendido ou concedido para o setor privado, a empresa prioriza o lucro de curto prazo”, diz Lavinia Steinfort, coordenadora de projetos do TNI, acrescentando:
“O resultado são aumentos expressivos, que tornam os serviços inacessíveis para os mais pobres, além de falta de investimentos em infraestrutura, deterioração das condições de trabalho e custos mais altos para as autoridades locais, que têm que complementar os gastos”.
Enquanto isso no Brasil...
... a bolsa despenca, o dólar dispara frente ao real, a reforma da previdência virando um remendão e o presidente vai ao cinema na hora do expediente para depois senta-se à sua mesa e voltar ao exaustivo trabalho de arengar com Rodrigo Maia no twitter.
E ainda dizem que o Brasil não é um país sério.

2 Comentários

  1. li um pouco do conteúdo desse texto e não gostei achei muito enviesado ideologicamente esse jornalista parece que é daqueles que acha que o país no tempo do pt foi uma maravilha e tenta através desse texto desmistificar algo que quase todo mundo j´´a sabe não foi uma maravilha é fato e não invenção,agora dizer que Brasil a educação tá uma beleza ele tá de brincadeira né.

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  2. li um pouco do conteúdo desse texto e não gostei achei muito enviesado ideologicamente esse jornalista parece que é daqueles que acha que o país no tempo do pt foi uma maravilha e tenta através desse texto desmistificar algo que quase todo mundo j´´a sabe não foi uma maravilha é fato e não invenção,agora dizer que Brasil a educação tá uma beleza ele tá de brincadeira né.

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